O ROCKSTAR DEFINITIVO


Os fanáticos por música gostam de refletir sobre coisas como "quem é o maior rockstar de todos os tempos". Há várias opções por vários motivos. Pelo impacto global, poderia muito facilmente ser Bob Marley. Elvis Presley foi, naturalmente, o primeiro astro do "rock and roll" (não que ele tenha criado o rock, mas foi a primeira grande estrela do rock). 
Com sua mística e seu carisma, Jimi Hendrix e Jim Morrison também encantaram os fãs por gerações, Mick Jagger e Keith Richards corporificaram o rock por décadas e quando pensamos na ideia de deuses do rock, ninguém supera Robert Plant e Jimmy Page.
Quando você olha para todos os traços que definem um rockstar - o talento que transcende gerações; uma abordagem intransigente de sua arte; uma voz para o bem; influência em outros músicos; uma vontade de evoluir e um carisma que fala para todas as línguas e todas as culturas - talvez você tendesse a citar David Bowie, que até pode ser o número dois.
Mas ao idealizar estas características como um todo, especialmente a consciência social, a determinação inflexível e a poderosa influência, o nome que mais vem à mente é John Lennon (a quem Bowie certa vez chamou de "seu maior mentor").
Converse com outros músicos e eles certamente falarão de sua influência transcendente. Em minhas milhares de entrevistas, o enorme papel de Lennon na modelagem do rock aparece sempre de novo e de novo.
"Se estamos falando de músicas de protesto, o primeiro homem por quem eu me apaixonei foi John Lennon", me disse uma vez Shirley Manson, do grupo Garbage. "Para mim, ele é sempre o mais legal dos Beatles porque assumiu uma posição e pagou um preço alto por isso. Ele foi um militante pioneiro e seu exemplo ficou comigo a vida toda e provavelmente sempre ficará".
A paixão de Lennon pela mudança social também ecoou em Sinead O'Connor: "John Lennon, obviamente, eu admiro porque ele usou sua plataforma tanto quanto podia para as coisas em que acreditava".
O número de artistas que citam a música "Imagine" como a maior canção de protesto de todos os tempos, embora possa nem ser o seu melhor, é impressionante. E como acontece com grande parte do seu trabalho, seu nome transcende gêneros e gerações, de Carlos Santana a Dan Reynolds da Imagine Dragons.

*Steve Baltin

EXALTEMOS TODOS O ÓCIO PRODUTIVO!

Eu li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que unir o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável. Uma idéia carioquíssima: a exaltação do desfrute.
Há tempos venho ruminando sobre isso. Conheço muitas pessoas que vão ao cinema, a boates e restaurantes e parecem eternamente insatisfeitas. Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas, na revista República, e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte frase: "Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".
Lazer e prazer são palavras que rimam e se assemelham no significado, mas não se substituem. É muito mais fácil conquistar o lazer do que o prazer. Lazer é assistir a um show, cuidar de um jardim, ouvir um disco, namorar, bater papo. Lazer é tudo o que não é dever. É uma desopilação. Automaticamente, associamos isso com o prazer: se não estamos trabalhando, estamos nos divertindo. Simplista demais.
Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer trabalhando, é só redefinir o que é prazer. O prazer não está em dedicar um tempo programado para o ócio. O prazer é residente. Está dentro de nós, na maneira como a gente se relaciona com o mundo.
Chantal Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem sido mais uma imposição cultural do que um prazer. As pessoas aglomeram-se em filas de museus e fazem reservas com meses de antecedência para ir comer no lugar da moda, pouco desfrutando disso tudo. Como ela diz, temos solicitações culturais em demasia. É quase uma obrigação você consumir o que está em evidência. E se é uma obrigação, ainda que ligeiramente inconsciente, não é um prazer.
Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo turismo inclusive pelos sentimentos, passando rápido demais pelas experiências amorosas, entre elas o casamento. Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser felizes mediante uma novidade. O ritmo é determinado pelas tendências de comportamento, que exigem uma apreensão veloz do Universo.
Calma. O prazer é mais baiano. O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na emoção que ele pode lhe trazer. Não está em namorar uma garota ou rapaz, mas no encontro das almas. Está em tudo o que fazemos sem estar atendendo a pedidos. Está no silêncio, no espírito, está menos na mão única e mais na contramão.
O prazer está em sentir. Uma obviedade que merece ser resgatada antes que a gente comece a unir o útil com o útil, deixando o agradável pra lá.

*José Arreguy Pimentel

O ROMANCE NEO-REALISTA EM PORTUGAL

A denominação Neo-Realismo nos sugere a volta da moda realista, mas, em se tratando de Literatura, é claro que não pode haver um “retorno” d...